segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Confiar!

Esta palavra, a palavra CONFIAR é uma palavra que gera uma certa repulsa em mim. Um instinto natural e completamente abusivo de negação. Um medo, uma derrota, uma inconstante, um erro. Aliás, vários erros. Faz com que eu me sinta como um cego que acabou de recuperar a visão e tem medo de fechar os olhos e permanecer naquele escuro novamente. Medo, pânico e tristezas que vivem somente dentro de mim e ninguém mais tem a mínima obrigação de entender.
Sabe quando você é pequeno ainda, e ainda tem inúmeras chances de errar, porque você ainda não descobriu o mundo, não sabe como ele é. Você ainda pode tentar e tentar. Confiar e Confiar. Acho que não vivi isso completamente. Vivi pela metade, vivi pelas beiradas. Vivi presa em meus precipícios. Não consegui fechar os olhos e andar na escuridão. Não consegui pular na piscina, me atirando em meio as águas, pois não haviam braços para me acolher quando eu pulasse. Não haviam pessoas em quem confiar. Não havia quem esperar.
Vivi numa vitrine, onde só a aparência é o que conta. Onde a obrigação impera. Me senti desde a infância rejeitada muitas vezes. Me senti muitas vezes sem essa possibilidade de errar. Errar para mim nunca foi permitido. Antes, era porque eu iria morrer de vergonha dos meus coleguinhas de sala. Talvez se eu abrisse a boca e cometesse qualquer deslize seria sempre lembrada como a "burra", e me sentia constantemente ameaçada quando alguém mais "inteligente" que eu tentava tomar o meu lugar. Nunca senti inveja de ninguém, nunca desejei o mal a ninguém, nunca deixei de ficar feliz com as vitórias alheias. Mas senti e ainda sinto até hoje um ciúmes tremendo quando alguém tenta tomar o pouco que consegui até hoje. As minhas pequenas vitórias, são todas orgulhosamente e exclusivamente MINHAS. Não obtive incentivos, não obtive ajudas e quando errei (e erro constantemente) não tive braços para me acolher. Eu não vou ser sozinha se continuar assim, agindo na impulsividade, agressividade. Eu já sou sozinha, sempre fui! As pessoas tem o costume e o erro de achar que as pessoas são exatamente aquilo que elas aparentam ser. E é aí que a gente se decepciona. Eu já me decepcionei tanto, que hoje, antes mesmo de alguém tentar me atingir, eu já tomo partido e já me recuo e tomo impulso antes mesmo que alguém tente. Pois, pra mim, essa confiança não existe. As pessoas são inconstantes, mudam o tempo todo e erram o tempo todo. Ninguém é perfeito e vai ser perfeito a vida toda. A conquista é diária e infinita. Não deve ser provada uma única vez, para mim, deve ser provada a cada instante de convivência. As pessoas dão sim inúmeras provas e honram o caráter estrondoso e brilhante que tem. Provam sim que uma amizade é baseada nessa confiança. Mas não é fácil para todo mundo. Principalmente quando existem feridas em você que ainda não cicatrizaram. Feridas que ainda doem quando alguém toca. Feridas que talvez nunca se cicatrizem.
Eu generalizo! E assim erro. Eu vomito palavras. O meu dom é uma arma que pode tanto ferir, quanto proteger. As vezes não sei usar esta arma. Travo batalhas que nem sei se valeriam a pena. Crio inimigos e barreiras que não existem. Luto sem motivos e sem esperanças. Sou uma soldada em constante guerra comigo mesma. Já perdi quase todo o meu batalhão e continuo perdendo soldados a minha volta pelos meus erros, pelos meus medos e pelos erros de estratégia. Continuo perdendo a batalha pois talvez ela nunca tenha existido. Tenho medo e vejo que eu mesma sou minha própria inimiga. Derrotada! Quem vai a uma guerra nunca mais consegue esquecê-la. Os soldados ouvem tiros, veem pessoas mortas, revivem no cotidiano uma luta sangrenta que dói, mesmo ela tendo acabado. Uma pessoa ferida, também continua revivendo coisas que deveriam ser deixadas para trás. Mas um soldado nunca deixa de ficar em estado de alerta.
Hoje, em mim, o que também me dói e muito, é ver que eu não me preocupo mais com a rejeição dos outros em relação aos meus erros. O que mais me dói é eu mesma reconhecer estes meus erros e me sentir enojada de mim, das minhas atitudes, dos meus pensamentos, da minha mesquinharia, desse meu orgulho, dessa minha auto privação. Dói saber que eu mesma perdi muitas coisas e muitas pessoas pelos meus erros. MEUS! Essa falta de quase tudo fez com que eu me tornasse tão individualista que, por mais que as pessoas ao meu redor tentem provar que me querem bem, que gostam de mim...eu ainda não consigo acreditar. E fico esperando que elas me decepcionem. Constantemente.
Não sei se talvez, algum dia, alguém vai conseguir fazer com que eu confie nela 100%. Estou tentando, as vezes fecho os olhos para muitas coisas que me magoam e finjo que não me atingiu. Mas estou ferida. É uma ferida pequena e a cada decepção ela se torna maior e a dor aumenta. Estou calejada. E esse vício mortal acaba comigo. Perco por todos os lados. Perco pessoas, perco o pouco de confiança que ainda tenho nas pessoas, perco o meu orgulho por mim mesma e muito mais. Perco de viver talvez aquilo que nunca tenho vivido por simples medo de tentar! Erros são difíceis, mas também não tenho medo de reconhecê-los e de tentar concertar. A gente vai vivendo, se fod*&%&...mas vai!